O advogado Wiler Vidigal renuncia nesta sexta-feira (5) à defesa de Sergio Rosa Sales, conhecido como Camelo, réu no processo sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza, em junho deste ano. A renúncia foi apresentada à juíza Marixa Fabiane antes do início da sessão que ouviria uma testemunha arrolada por ela, na manhã de hoje, no fórum de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).
O advogado, que trabalha com Marcos Antônio Siqueira, desconstituído por Sales na última quarta-feira, alegou motivos “éticos” para sair do caso. “Por questões de amizade, lealdade e companheirismo ao Siqueira, eu tomei essa atitude”, afirmou.
Camelo disse na audiência realizada anteontem em Ribeirão das Neves --também na região metropolitana de BH-- que foi torturado pelo delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Minas Gerais. Segundo ele, o delegado ainda teria indicado Siqueira para defendê-lo e o orientado a depor de maneira a incriminar os outros réus do processo.
Vidigal insinuou que houve uma manobra dos advogados dos outros réus na iniciativa feita por Camelo. Os depoimentos dele e do adolescente J., outro primo do goleiro, nortearam boa parte das investigações feitas pela Polícia Civil do Estado.
No entanto, por não ter apresentado substituto, Vidigal terá que permanecer na defesa de Sales pelos próximos dez dias. Ao fim desse período, se não houver a indicação de outro defensor, a juíza deverá indicar um advogado “dativo”, que passará a defender Camelo e será pago pelo Estado.
O advogado de Bruno, Ércio Quaresma, negou que tenha havido manobra para tirar Siqueira da defesa de Sales. Apenas os defensores de Camelo e de Dayanne de Souza, ex-mulher de Bruno, não fazem parte de bloco de defesa montado por Quaresma. O advogado afirmou que as denúncias de Sales precisam ser investigadas.
"Diante do que foi dito por aquele rapaz (Sales) anteontem, nós temos que requerer à juíza que aqueles delegados sejam ouvidos e que providencias rigorosas sejam levadas a efeito pela Corregedoria de Polícia Civil, pela Ouvidoria da polícia e pelo próprio Ministério Público, porque as acusações são graves", afirmou. "O inquérito está contaminado. Venho dizendo isso desde o início", disse.
Quaresma ainda afirmou "não ter dúvida" de que Sales tenha sido torturado. "Não foi só ele não. A Dayanne (de Souza) sofreu tortura psicológica e o Macarrão apanhou (Luiz Henrique Romão, amigo do goleiro).
Uol Notícias